País elege um gestor de crise, não o presidente
Possibilidades para a eleição deste domingo? É simples, só não vê quem não quer. Dilma pode até ganhar, na hipótese de que não perca. E pode acontecer que o Aécio surpreenda, unificando os indecisos —desde que não os divida. Em resumo: se o povo ensinou alguma coisa no primeiro turno da sucessão presidencial de 2014 foi que o imprevisível comanda a disputa. E, sempre que o imprevisível dá as cartas, a única previsão infalível é acaciana: não se pode prever. O eleitor não sabe se vota no Datafolha ou no Ibope.
Há algo, porém, que se pode prever sem a realização de nenhuma pesquisa: o brasileiro não elegerá neste domingo um presidente da República. Não, não. Absolutamente. O país escolherá um gerente de crises. Vem aí um 2015 duro de roer. Na economia, uma fase de ajuste de contas e cintos apertados. Na política, um escândalo capaz de transferir o mensalão para o Juizado de Pequenas Causas. Nos próximos dias, vão às ruas as batidas policiais de busca e apreensão de provas para escorar as revelações delatadas pelos protagonistas da Operação Lava Jato.
Para complicar, a eleição mais disputada desde 1989 —Collor X Lula— deixa um rastro pegajoso de rancor e incompreensões. Na oposição, PT ou PSDB tendem a injetar sangue no olhar. As duas legendas pregam o novo. Mas, à medida que se distanciam, aproximam-se do que há de mais arcaico na política brasileira. Com isso, tornam-se o próprio atraso.
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