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Josias de Souza

Eduardo Cunha faz defesa enfática da aprovação do 'ajuste fiscal' de Dilma

Josias de Souza

24/02/2015 06h55

Tratado por Dilma Rousseff como gênio do mal, o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, surpreendeu as outras 21 pessoas que participaram do jantar oferecido na noite passada pelo vice-presidente Michel Temer aos ministros que integram a equipe econômica. Cunha comportou-se como um governista de mostruário.

Guiados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, os senadores presentes ao repasto dedicaram o grosso de suas intervenções a criticar a ruína da articulação política do governo e a alfinetar o ministro Aloizio Mercadnate (Casa Civil). Na sua vez de falar, Cunha disse concordar com os correligionários. Mas afirmou que não é hora de o PMDB faltar ao país. E fez uma defesa enfática da aprovação do pacote fiscal de Dilma no Congresso.

Escorou-se numa avaliação técnica, não política. Disse que, nessa matéria, um tropeço do governo no Congresso aprofundaria a crise de desconfiança dos investidores em relação ao Brasil. E deixaria o país a um passo de ser rebaixado pelas agências de risco, perdendo o grau de investimento.

Nessa hipótese, disse o deputado, sobreviria um cenário apocalíptico: explosão do dólar, deterioração da balança comercial, queda nas bolsas, descontrole inflacionário, fuga de investidores, elevação do desemprego, o diabo. Temos que ter responsabilidade nesse momento, afirmou esse surpreendente Eduardo Cunha.

Temos que votar os ajustes, ele acrescentou. É fundamental para o país, prosseguiu. Não podemos abrir mão de ter as contas sob controle, repisou. Mais cedo, Cunha almoçara com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), na residência oficial da presidência da Câmara. Nas pegadas desse encontro, vieram à luz informações sobre os planos do governo de entregar cargos de segundo escalão ao PMDB.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.