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Josias de Souza

Para evitar derrota, Dilma negocia tabela do IR

Josias de Souza

09/03/2015 21h48

Acompanhada de Mercadante e Pepe, Dilma recebe líderes governistas do Senado

Presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros marcou para as 11h desta quarta-feira (11) a sessão destinada à análise dos vetos presidenciais. Entre eles o veto que reajustou em 6,5% a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. A disposição dos congressistas é a de impor nova derrota a Dilma Rousseff nessa matéria. Submetida ao risco, a presidente dobrou os joelhos. Nesta segunda-feira, ela autorizou a abertura de negociações.

Busca-se um meio-termo entre os 6,5% que o Congresso quer ressuscitar e os 4,5% que Dilma admite conceder. Quanto maior for o índice de correção da tabela, maior o quantidade de contribuintes isentos do pagamento de imposto. Na conta do governo, o índice de 6,5% reduziria a coleta do fisco em R$ 7 bilhões. Até aqui, Dilma batia o pé. Agora, ela admite negociar um reajuste escalonado da tabela.

O percentual de reajuste diminuiria na proporção direta da renda do contribuinte. Para os mais abonados, o índice de 4,5% defendido por Dilma. Para os menos aquinhoados, algo entre 5,5% e 6%. A idéia do escalonamento nasceu no Congresso. Foi submetida ao Planalto no mês passado. Mas só agora a presidente se dispôs a negociar.

O martelo foi batido em reunião de Dilma com os ministros petistas que integram seu conselho político. Dessa vez, a presidente teve a preocupação de convidar o vice-presidente Michel Temer, que vinha sendo ignorado. O próprio Temer informou sobre a disposição de Dilma ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, recebido por ele no gabinete da vice-presidência.

À tarde, Dilma concedeu audiência aos líderes dos partidos governistas no Senado. Acompanhada dos ministos Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais), ela própria incumbiu-se de repassar a novidade aos senadores. Resta agora detalhar a proposta e aferir a reação da Câmara e do Senado.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.