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Josias de Souza

PMDB deixa de ser partido para virar manicômio

Josias de Souza

27/07/2015 18h58

StockPhotoSer ou não ser governo? A dúvida empurrou o PMDB, finalmente, para uma definição. A agremiação decidiu abandonar sua condição de partido para tornar-se um manicômio partidário.

Nesta segunda-feira, o ministro peemedebista Eliseu Padilha, lugar-tenente do vice-presidente Michel Temer na articulação política, falou em Brasília sobre o esforço do governo para se recompor no Congresso.

Em São Paulo, o presidente da Câmara Eduardo Cunha, também peemedebista, desancou o governo em conversa com cerca de 500 empresários. Ficou claro que o Planalto não terá vida fácil no Legislativo neste segundo semestre.

Convertido em porta-voz da reunião de coordenação política com Dilma Rousseff, Padilha admitiu que há pautas indigestas voando no Legislativo. Mas revelou-se confiante em que a coligação governista exibirá sua maioria.

Ao lado do ministro Nelson Barbosa (Planejamento), Padilha realçou a necessidade de aprovar no Legislativo a nova meta de superávit fiscal do governo, reduzida para 0,15% do PIB.

Aos empresários, Cunha declarou que a chance de o governo cumprir a nova meta é nula. Chamou de "pífio" o ajuste fiscal e previu que o Brasil deve ser rebaixado pelas agências de classificação de risco, perdendo o selo de bom pagador.

Autoconvertido num esquizopartido, o PMDB comporta-se como um Napoleão de hospício. Guerreia contra si mesmo. Padilha e Temer articulam. Cunha e Renan Calheiros desarticulam. Enlouquecida, a legenda promete lançar candidato próprio à Presidência em 2018. Uma evidência de que, insatisfeito com sua condição de manicômio, o PMDB ambiciona tornar-se uma piada.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.