Historiografia merece que a PF interrogue Lula
O delegado Josélio Sousa, da Polícia Federal, pediu autorização ao STF para interrogar Lula. Alega que ele, "na condição de mandatário máximo do país" na época do assalto à Petrobras, "pode ter sido beneficiado pelo esquema […], obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal." Alvíssaras!
Nos últimos anos, nenhuma revelação conseguiu abalar o prestígio do morubixaba do PT, mesmo que o enredo fique, às vezes, meio assim, digamos, ilógico. O mundo ao redor de Lula, apodrecido, desaba. Mas o ex-presidente continua enchendo o noticiário de conselhos e ensinamentos. O personagem faz comícios e reuniões, almoça e janta com a sucessora, move-se embalado pela certeza de que nada afetará o seu bom nome.
A conversão do PT em máquina coletora de fundos ocorreu durante os oito anos do império de Lula, com as bençãos do imperador. Quando Roberto Jefferson jogou o mensalão no ventilador, o soberano ensinou aos súditos que "o PT fez, do ponto de vista eleitoral, o que é feito no Brasil sistematicamente". Ao notar que o melado escorria além do desejável, Lula fugiu da cena do crime, refugiando-se atrás da tese do "eu não sabia". E ficou por isso mesmo.
O petrolão nasceu ainda sob Lula, num instante em que o STF fechava a conta do escândalo anterior. E explodiu no colo de Dilma. Herdeira do esquema, a presidente demorou um ano e meio para se desfazer dos diretores acomodados na Petrobras para azeitar a gatunagem. Súbito, a criatura juntou-se ao criador atrás do biombo do "eu não sabia".
"Atenta ao aspecto político dos acontecimentos", anotou o delegado no ofício endereçado ao STF, "a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República." De fato, qualquer investigador desatento consideraria a inquirição de Lula imprescindível. Considerando-se observações feitas por delatores e menções que aparecem em papeis e grampos, o imprescindível torna-se inevitável.
A historiografia merece um depoimento de Lula à Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério Público Federal. Nem que seja para acomodar a falta de lógica do "eu não sabia" num documento oficial. Ou o STF entende isso ou um pedaço da história do maior escândalo da República vai virar lenda.
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