Azeredo escancara a ética seletiva do tucanato
Cada vez que Eduardo Azeredo dá uma de joão sem braço no processo sobre o mensalão tucano de Minas Gerais realça a vergonha do PSDB, que precisa explicar por que ainda mantém nos seus quadros o filiado tóxico. No seu penúltimo movimento, Azeredo recorreu contra a sentença que o condenou a 20 anos e dez meses de cadeia por peculado e lavagem de dinheiro. Signatária da condenação, a juíza Melissa Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, refugou as alegações do grão-tucano, reiterando a pena de reclusão. Vem aí um novo recurso.
Apostando na infinidade de recursos que a legislação brasileira lhe faculta, Azeredo já não ambiciona propriamente uma absolvição. Em liberdadade, ele persegue a prescrição. Foi por essa razão que se retirou da cena brasiliense pela porta dos fundos. Renunciou ao mandato de deputado federal para fugir de uma condenação no STF, forçando o envio do processo à primeira instância do Judiciário. No Supremo, não haveria a mamata dos recursos em série. A exemplo do que sucedeu com os mensaleiros petistas, Azeredo já teria amargado uma temporada atrás das grades.
O PSDB ainda não chamou Azeredo de "heroi do povo brasileiro". Mas chegou muito perto disso ao afirmar, em nota oficial, que a sentença de 20 anos imposta ao seu ex-presidente nacional "surpreendeu" o partido, que "conhece a trajetória política e a correção que sempre orientou a vida do ex-senador e ex-governador." A legenda disse estar "confiante de que, nas instâncias superiores", Azeredo conseguirá expor as "razões de sua inocência", obtendo uma "reavaliação da decisão". Até lá, o tucanato condena-se a praticar, escancaradamente, a ética seletiva.
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