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Josias de Souza

Sustar nomeações para estatais é diversionismo

Josias de Souza

06/06/2016 18h41


Michel Temer veio à boca do palco para anunciar que determinou a suspensão de todas as nomeações para diretorias e presidências de companhias estatais. Por quê? Vai aguardar que a Câmara aprove projeto de lei já referendado pelo Senado. Num dos artigos, a proposta condiciona as nomeações para estatais à qualificação técnica. Não é nada, não é nada a providência adotada pelo presidente interino não é nada mesmo. Trata-se de mero diversionismo.

Sem nenhuma lei nova, Temer fez o certo na Petrobras. Entregou a presidência a um executivo tarimbado, Pedro Parente, aceitando a pré-condição de blindar a estatal de influências políticas. E não haveria nova lei capaz de deter o erro que Temer cometeu na Caixa Econômica Federal. Ali, foi ao comando Gilberto Occhi. É um técnico de carreira. Mas traz na testa uma marca do Zorro: a indicação política do PP, partido do petrolão.

Temer não precisa de uma nova legislação para cercar-se de gestores honestos e com bom preparo técnico nas estatais. Se quiser ser tomado a sério, basta que o presidente interino convoque novamente os repórteres para anunciar que revogará a Lei da Selva. É com base nessa lei, por exemplo, que Renan Calheiros, o Tarzan do Senado, seleciona um novo presidente para a Eletrobras, mediante consultas ao Jim das Selvas José Sarney e ao índio chaiene Jáder Barbalho.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.