Eleitor de SP guia seu voto pelo desejo de punir

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A disputa eleitoral na cidade de São Paulo tornou-se uma espécie de laboratório dos humores do brasileiro em relação à política nacional. A evolução das pesquisas revela que o eleitor da capital paulista define o seu voto a partir de um raciocínio punitivo. A maioria parece guiar-se pelo desejo de punir os candidatos associados a partidos ou grupos políticos mais diretamente vinculados às crises econômica e moral.

Nem todo mundo é capaz de entender a situação político-econômica do país. Mas basta visitar a padaria, frequentar a feira ou entrar num boteco que estão lá, latejando, as crises que marcam a conjuntura. As pessoas estão de saco cheio de corrupção e de flagelos como o desemprego e a carestia. Esse mau humor se reflete diretamente na decisão de voto.

O PT já contabiliza o provável insucesso do prefeito Fernando Haddad, como sua principal derrota em 2016. A deposição de Dilma, a conversão de Lula em réu, as prisões de ex-ministros… tudo isso transformou o PT numa bola de ferro. A ex-petista Marta Suplicy, hoje no PMDB do impopular Michel Temer, também sente o peso dessa bola.

A ascensão meteórica de João Doria é a outra face do mesmo fenômeno. O candidato do PSDB se diz um não-político, um empresário. Num instante em que a carceragem de Curitiba está apinhada de empresários, isso pode não significar grande coisa. Mas Doria se beneficia dos humores de um eleitor que dá com os burros n'água e procura desesperadamente se agarrar aos burros mais secos.