Vacina contra cárcerofobia é enxergar a propinomania, que provoca a neurose
Existe a conhecida claustrofobia, que é o medo de lugares fechados. Mas o pânico de estar trancafiado, por exemplo, num xadrez da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, nasceu antes de ser batizado. Como chamar o fenômeno? Digamos que cárcerofobia seja uma opção. A nova neurose está na moda.
Na madrugada desta segunda-feira, impulsionados pelo boato de que Lula poderia ser preso, os devotos do ex-presidente mobilizaram-se no Facebook. Convocaram uma vigília. Conseguiram arrastar para a frente do prédio onde mora Lula, em São Bernardo, algo como 80 devotos.
Não chega a ser uma multidão compatível com a fama do ídolo. Mas a cárcerofobia deve aumentar. Lula já é réu em três ações. E não perde por esperar. Ao contrário. Logo ganhará novas denúncias. Uma alternativa para os que reviram lençóis à procura de um lenitivo é lembrar da propinomania, o vício que dá origem à neurose.
Na falta de coisa mais interessante para fazer, sugere-se aos inquietos que busquem na internet íntegras de denúncias, depoimentos e despachos de juízes. Aplicando-se na leitura, os manifestantes talvez se mobilizem para cobrar explicações de sua divindade. Ou talvez prefiram se autocondenar ao sono perpétuo. O pesadelo, por vezes, é melhor do que o despertar.
Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória. Bobagem. O que certos patrícios não têm mesmo é muita curiosidade.
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