Lewandowski volta a fazer pose de sindicalista
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O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, voltou a defender um reajuste salarial para si próprio. Ganha R$ 33,7 mil. Quer ganhar R$ 39,2 mil mensais. Ele falou como sindicalista num resort paradisíaco da Bahia, num encontro de juízes estaduais patrocinado por empresas públicas e privadas. Entre elas uma empresa de celulose que coleciona condenações judiciais nas áreas ambiental, trabalhista e fiscal. Falando para os colegas de magistratura, Lewandowski perguntou: reivindicar [reajuste salarial] é feio? No seu caso, não é feio. É horroroso!
A reivindicação de Lewandowski desafia a paciência dos 12 milhões de brasileiros sem contracheque, que foram colocados no olho da rua pela crise. Os salários do Supremo servem de referência para outras remunerações de servidores. Quando sobem, puxam os demais. No final da descida da cascata, a coisa custará algo como R$ 5 bilhões por ano. Ou R$ 15 bilhões até 2019. Por sorte, a ministra Cármen Lúcia, que substituiu Lewandowski na presidência do Supremo, parece ter outras prioridades.
O valor dor reajuste do Supremo foi sugerido pelo próprio Supremo. A aprovação cabe à Câmara e ao Senado, duas casas apinhadas de investigados no Supremo. A sanção é de responsabilidade de Michel Temer, cujos aliados são condenações na fila do Supremo, esperando para acontecer. Ninguém diz em voz alta, mas esse pedido de aumento do Supremo, nesse momento em que a crise econômica se mistura à crise moral, se parece muito com uma chantagem. Mas Lewandowski tem uma saída: se preferir, ele pode trocar seu salário atual, 20 vezes acima da média remuneratória do país, pelos lucros da atividade privada. Em tempos de Lava Jato, clientes não vão faltar.
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