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Josias de Souza

Trump leva Serra a aprender lição de diplomacia

Josias de Souza

09/11/2016 18h48

Improvisado no posto de chanceler, o tucano José Serra cometeu um pecado inadmissível na diplomacia: falou duas, três vezes antes de pensar. Em entrevistas, referiu-se à hipótese de vitória de Donald Trump como algo indesejável. "Não quero nem pensar", disse um par de vezes. Seria "um pesadelo", aditou numa terceira oportunidade. Diante do triunfo do pesadelo, o chefe da diplomacia brasileira viu-se compelido a se reposicionar no gramado.

Serra socorreu-se de uma frase do craque Didi: "Treino é treino, jogo é jogo. O treino é a campanha. O jogo começa agora." Endereçado a Trump, o comentário também serve para o próprio Serra. O ministro aprendeu na marra que diplomata é um sujeito que mente em nome do interesse nacional. Ou, por outra, Serra ficou sabendo que a diplomacia traz o significado injetado no nome. Para funcionar, precisa ser macia. Mesmo que o interlocutor seja um Trump.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.