Partidos enxergam na pasta da Justiça oportunidade para obter autoproteção
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Até ontem, Michel Temer tinha uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal para preencher e uma lista com 28 candidatos. Hoje, Temer tem 27 preteridos com raiva dele e uma poltrona de ministro da Justiça vazia. Como não há em política erro que não possa ser piorado, Temer enviou para o Supremo Alexandre de Moraes —um advogado com plumagem tucana, filiado ao PSDB— sem dispor de um substituto para o posto de ministro da Justiça. Sujeita-se agora às pressões do PMDB e também do PSDB. As duas legendas tentam indicar ou influir na escolha do novo titular da Justiça.
Não há nessas articulações ninguém preocupado com a necessidade de aperfeiçoar o trabalho da Polícia Federal no combate à corrupção e às facções criminosas. Não se ouve uma mísera ideia sobre como enfrentar a crise nos presídios ou o descalabro da segurança pública, que explode em surtos de violência como o que se verifica agora no Espírito Santo. O que move os políticos, tanto na indicação para o Supremo quanto na escolha do novo ministro da Justiça é o instinto de autoproteção.
Por que diabos os políticos olham para a pasta da Justiça com tanto interesse? A resposta cabe em duas palavras: Lava Jato. Michel Temer disse, em entrevista, que o substituto de Alexandre de Moraes "será uma escolha pessoal", porque o ministro da Justiça "é muito importante." É como se houvesse duas categorias de ministérios: os importantes, que o presidente escolhe pessoalmente, e os desimportantes, que ele leiloa no balcão da baixa política. Temer também declarou que só ouviu elogios à indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo. Uma evidência de que, em Brasília, subverte-se até o brocardo. O pior cego é aquele que não quer ouvir.
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