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Josias de Souza

Nome do PMDB para a Justiça subiu no telhado

Josias de Souza

14/02/2017 20h47

O nome do deputado Rodrigo Pacheco, indicado pela bancada do PMDB na Câmara para ser ministro da Justiça, subiu no telhado. Acossado por uma crise no setor de segurança, às voltas com sinais de descontentamento na Polícia Federal e crivado de críticas por passar a impressão de que gostaria de embaraçar a Lava Jato, Michel Temer passou a considerar a hipótese de acomodar na pasta da Justiça uma pessoa capaz de inspirar mais credibilidade do que desconfiança. Se prevalecer o bom-senso, Temer fará por pressão o que deveria fazer por opção.

Não bastasse o inconveniente de ter na Justiça o representante de um partido que está todo enlameado no maior escândalo de corrupção já desvendado no país, o escolhido do PMDB da Câmara reúne credenciais que o descredenciam. Descobriu-se, por exemplo, que Rodrigo Pacheco já foi advogado de mensaleiros e é um crítico dos poderes de investigação concedidos ao Ministério Público.

O debate sobre a escolha do novo ministro da Justiça ocorre contra um pano de fundo conturbado, marcado pela movimentação do PMDB para 'entancar a sangria' da Lava Jato. Os pajés do PMDB gastam muita saliva para assegurar que não têm motivos para conspirar porque estão limpinhos. Não têm nada a ver com os arrombamentos na Petrobras. Não se apropriaram de verbas alheias. Não praticaram corrupção. Quem somos nós para discutir com especialistas? Mas convém a Temer acomodar na Justiça um nome técnico.

– Atualização feita às 20h51 desta terça-feira (14): Temer recebeu em audiência o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso. Por ora, é o nome mais cotado para a poltrona de ministro da Justiça. Foi ao Planalto com o investigado Aécio Neves (PSDB-MG) a tiracolo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.