Greve dificulta o esforço pró-reformas, reconhecem articuladores do governo
Em avaliações feitas longe dos holofotes, alguns dos principais operadores políticos do governo admitem que a greve e as manifestações convocadas para esta sexta-feira dificultarão o esforço para aprovar as reformas no Congresso, principalmente a da Previdência. O grande receio, disse um ministro ao blog, está relacionado ao impacto que o movimento terá sobre ânimo dos congressistas.
Estima-se que o pedaço da coligação governista que já foge das prioridades da gestão Temer com medo de perder votos em 2018 ganhará pretextos adicionais para resistir aos apelos do presidente, retardando o cronograma de votações. Munido de dados colecionadas pelos serviços de inteligência, o governo trabalhava na noite passada com a perspectiva de que o barulho a ser produzido nesta sexta-feira não será negligenciável.
Suprema ironia: o governo atribui a amplitude da encrenca à capacidade de mobilização de uma engrenagem sindical que a reforma trabalhista submete a uma asfixia financeira. "Essa engrenagem roda com mais vigor dentro das corporações do Estado, que estão em pé de guerra contra a reforma previdenciária", analisou um auxiliar de Temer.
As autoridades ouvidas pelo blog manifestaram uma impressão que parece ser disseminada no governo. Ecoaram uma avaliação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) segundo a qual os rivais de Temer acertaram ao guindar a paralisação dos meios de transporte como sua prioridade. Se tiverem sucesso, envolverão no protesto até a minoria que apoia o presidente. Sem meios de locomoção essas pessoas não terão como comparecer ao trabalho.
Temer deve acompanhar a evolução dos protestos desde o seu gabinete no Planalto. Cogita reunir auxiliares para avaliar os efeitos da greve e das manifestações. Em público, o governo e seus porta-vozes tentarão minimizar o movimento desta sexta. Como de hábito, dirão que é parte da democracia. O governo reprovará frontalmente apenas eventuais surtos de violência.
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