PSDB ainda tem muito a desaprender com o PT
O que mais assusta na marcha de Aécio Neves rumo à sarjeta não é a sensação de que ele se converteu num político igual aos demais. Espantosa mesmo é a revelação de que Aécio se tornou um líder completamente diferente do que ele imaginava ser quando gravava vídeos como este exibido acima, de junho de 2013. Ao assistir ao derretimento sem esboçar reação, o PSDB escorre no mesmo melado que engolfa seu presidente licenciado.
Como dizia Aécio quando ainda não era um político multi-investigado, "o Brasil precisa saber definitivamente quem roubou, quem mandou roubar e quem, sabendo de tudo isso, se calou ou não fez nada para impedir." O tucanato não tem como impedir o que está feito. Mas chorar o leite derramado não resolve o problema. Convém punir quem derramou o leite. Do contrário, o eleitor estará autorizado a perguntar aos seus botões: como confiar uma bandeja com um copo de leite, mesmo que metafórico, a um partido que escolhe um farsante para presidi-lo?
Difícil saber a essa altura o que causa mais desgaste ao PSDB: se a manutenção do apoio ao governo de Michel Temer ou o silêncio cúmplice em relação a Aécio. Noutros tempos, o grão-tucano Fernando Henrique Cardoso costumava fazer política recorrendo a Max Weber. Nessa época a análise política exigia raciocínios transcendentes. Era preciso decidir se o pragmatismo do PSDB era melhor do que o puritanismo do PT, se a social-democracia responderia às dúvidas do socialismo, se a ética da responsabilidade era melhor do que a ética da convicção…
Hoje, a lama tornou as coisas mais simples. Karl Marx e Max Weber perderam a serventia. Com o auxílio do PMDB, PT e PSDB eliminaram as supostas diferenças. Igualaram-se em abjeção. Para que Aécio fique 100% igual a José Dirceu falta uma tornozeleira eletrônica e um coro com coragem para entoar o refrão "heroi do povo brasileiro". A ausência de reação do PSDB demonstra que a legenda ainda tem muito a desaprender com o PT. Quanto mais demorar, maior será o desgaste.
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