Temer tratou a saída constitucional do impeachment como uma porta giratória
Quando Dilma sofreu o impeachment, o petismo dizia que as ruas exigiriam a sua volta. Um ano depois, nem o PT deseja tamanho pesadelo. Quando a Presidência lhe caiu no colo, Michel Temer dizia que uma ponte para o futuro levaria o país à prosperidade. Hoje, o futuro do seu governo é um passado que não passa. Se dependesse das ruas, Temer também seria ex-presidente. Mas ele carrega algo que faltou à sua antecessora: uma experiência parlamentar de três décadas.
Com a corda no pescoço, Temer terceirizou sua gestão ao arcaísmo. Fornece, em cargos e verbas públicas, os recursos para alimentar as forças congressuais que, se quisessem, demitiriam mais um presidente da República. Dilma tentou a mesma coisa. Mas ela fazia cara de nojo. E os congressistas puxaram a corda.
Muita coisa aconteceu em um ano. Mas quando a posteridade puder falar sobre esse período desprezando os detalhes, dirá que Temer tratou a saída constitucional do impechment como uma porta giratória. Manteve o país rodando em torno dos seus defeitos como um parafuso espanado. Continuamos às voltas com o desemprego, a ruína fiscal e a roubalheira. Dilma só não acusa Temer de plágio porque sua relação com a verdade é conflituosa.
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