Temer X Joesley parece uma briga de gambás
Ex-amigos, o delatado Michel Temer e o delator Joesley Batista decidiram se engalfinhar em público. Quebram o pau por meio de notas. Todo brasileiro tem o dever cívico de gritar: "Tem que manter isso, viu?!?" O arranca-rabo pode atrapalhar as votações no Congresso. Mas não se deve raciocinar apenas em termos práticos. Está em jogo a alma da República. Ela ainda pode ser salva.
Ainda não dá para dizer até que ponto o convívio do presidente e sua turma com o barão da carne e seus negócios afetou as arcas do Tesouro Nacional. Entretanto, considerando-se o teor dos ataques, o estrago não foi negligenciável. Temer chama o empresário de "grampeador-geral da República". Trata-o como um "criminoso", indigno da imunidade penal que recebeu como prêmio. E lamenta que seu comparsa Lúcio Funaro, operador de propinas, também se torne um delator premiado.
Em resposta, Joesley pendura no pescoço de Temer a tabuleta de "ladrão-geral da República." E acrescenta, em timbre ácido: "Atacar os colaboradores [da Justiça] mostra no mínimo a incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer defesa dos crimes que comete."
O mal desse tipo de briga de rua é o pessoal que passa não distinguir quem é quem. Daí a importância de assegurar que a desavença seja levada às últimas consequências. Em meio à atmosfera malcheirosa que infesta o país, Temer e Joesley se tratam como dois gambás. Impossível dizer, por ora, quem prevalecerá. Há apenas uma certeza: nesse tipo de confusão, mesmo ganhando, o sujeito sai fedendo.
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