‘Sou um oráculo’, diz Gilmar sobre fala de Janot
Em viagem ao exterior, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, pendurou-se ao telefone para trocar ideias com amigos no Brasil sobre a decisão do procurador-geral da República Rodrigo Janot de revisar a colaboração judicial da JBS. "Eu sou um oráculo", disse Gilmar num dos telefonemas, ao comentar o anúncio feito por Janot aos repórteres.
Desafeto do procurador-geral, o ministro afirmou que fizera "observações certeiras" na semana passada sobre "problemas" que estavam por vir. Gilmar mencinou entrevista concedida ao blog há seis dias. Nela, dissera o seguinte: "No primeiro embate com uma massa de dinheiro, dois procuradores ficaram no chão. Isso considerando apenas o que a gente sabe. Ainda pode aparecer mais coisas."
A que procuradores se refere?, quis saber o repórter. E Gilmar: "O Ângelo Villela, que foi preso, e o Marcello Miller." Perguntou-se ao ministro se estava se referindo ao caso JBS. "Exatamente", respondeu Gilmar. "Foi a primeira vez que eles enfrentaram uma montanha de dinheiro… E sabe-se lá que cositas más aconteceram."
Ex-procurador da República, Marcelo Miller, um dos personagens citados por Gilmar, deixou a força-tarefa da Lava Jato de forma suspeita. Demitiu-se da Procuradoria para ser admitido como sócio de um escritório de advocacia contratado pela JBS. Agora, Janot viu-se compelido a investigar a hipótese de Miller ter prestado serviço à JBS enquanto ainda estava na folha dos procurador da Lava Jato.
Gilmar declara-se convencido de que serão anuladas as provas obtidas por meio de delações como a da JBS. Avalia que ficará demonstrado que Marcelo Miller treinou Joesley Batista e outros delatores para gravarem seus interlocutores, produzindo "flagrantes forjados". Algo que, segundo Gilmar, converteria o áudio em que soa a voz de Michel Temer numa "prova ilícita", passível de anulação.
O ministro aconselhou os amigos a anotarem mais duas de suas "previsões oraculares." Disse que, além dos problemas detectados na colaboração da JBS, outros acordos se revelarão inconsistentes. Citou as delações do ex-senador petista Delcídio Amaral e do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. De resto, Gilmar fez um vaticínio como quem roga uma praga contra o signatário de dois pedidos suspeição protocolados contra ele no Supremo: "O Janot vai terminar como o Protógenes Queiroz [ex-delegado federal que teve atuação contestada ao chefiar a Operação Satiagraha)."
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