Chamar de CPI uma farsa não faz da farsa CPI
Instalou-se no Congresso uma comissão inútil e supeita. É inútil porque se dispõe a forçar portas já arrombadas. É suspeita porque destina-se a inocentar um presidente enrolado, seus cúmplices e aliados. O relator é o deputado Carlos Marun, ex-devoto de Eduardo Cunha, hoje membro da infantaria legislativa de Michel Temer. O presidente é o senador Ataídes de Oliveira, tucano como Aécio Neves. O nome da nova comissão é Farsa. Mas todo mundo chama de CPI da JBS.
Quem não quiser fazer papel de bobo deve prestar atenção num detalhe: A farsa tem o apoio integral do Palácio do Planalto. Ataídes, o presidente da comissão, esteve com Temer no final de semana. Marun, o relator, tem acesso irrestrito à maçaneta do gabinete presidencial.
Há inquéritos abertos contra a JBS. A delação do grupo encrencou gente graúda e encurralou Michel Temer. Os inquéritos não dependem de CPI para dar frutos. A delação, problemática, será higienizada pelo STF. O teatro da CPI visa outras coisas: poupar investigados, se vingar de investigadores e avacalhar o instituto da colaboração premiada. A sorte é que chamar de CPI uma farsa não fará da Farsa uma CPI.
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