Na memória do Instituto Lula, Palocci é fabuloso
O diretório do PT de Ribeirão Preto abrirá nesta segunda-feira um processo que levará à expulsão de Antonio Palocci do partido. Tratado como filiado tóxico desde que soltou sua língua presa em depoimento a Sergio Moro, o personagem sobrevive na memória do Instituto Lula como um petista de mostruário. Entre os guardados da entidade há, por exemplo, uma entrevista de Lula a um jornal da cidade natal de Palocci. Coisa de fevereiro de 2014.
Lero vai, lero vem o repórter pergunta a Lula: "Depois de Palocci, Ribeirão Preto não teve outra liderança petista forte. Existe alguma estratégia do partido para mudar este quadro?" Lula respondeu: "O PT de Ribeirão Preto tem quadros políticos importantes, agora querer que nasça um Palocci a cada ano é impossível. Porque pessoas da competência política do Palocci não surgem a cada dia, a cada ano. Demora muito tempo para nascer." (veja reprodução abaixo)
Fica entendido que, no Partido dos Trabalhadores, o critério que define o que merece a exaltação ou a execração não é o crime, mas a capacidade do criminoso de não delatar os seus cúmplices.
O artigo 231 do estatuto do partido prevê a expulsão dos filiados que incorrerem em "inobservância grave da ética". Ou que praticarem "improbidade no exercício de mandato parlamentar ou executivo, bem como no de órgão partidário ou função administrativa". Ou que sofrerem "condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado."
Dirigentes condenados e presos no mensalão jamais foram submetidos ao conselho de ética do PT. Reicindentes do petrolão, como José Dirceu, são cultuados pelos devotos petistas como "guerreiros do povo brasileiro". Palocci vai à fogueira por ter desonrado a omertà. Quebrou o código de silêncio sobre os crimes da famiglia. Pior: levou à bandeja da Lava Jato o poderoso chefão. Imperdoável!
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