PT terá de incluir outro juiz no ‘complô’ anti-Lula
Lula é um recordista penal. Tornou-se nesta terça-feira um hepta-réu. Repetindo: com nove denúncias a pesar-lhe sobre os ombros, já foi enviado ao banco dos réus em uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete ações penais. A sétima ação foi aberta nesta terça-feira. Nada a ver com Sergio Moro, Curitiba ou Lava Jato. Deve-se a providência ao juiz Vallisney de Souza Oliveira. Trabalha em Brasília. Atua na Operação Zelotes.
Após folhear denúncia que recebeu na semana passada do Ministério Público Federal, Vallisney concluiu que há indícios suficientes para processar Lula por corrupção passiva. Neste processo, o pajé do PT é acusado de comercializar uma medida provisória que interessava à indústria automobilística.
A novidade obriga o PT a atualizar o seu rol de conspiradores. Na lista negra do petismo, o juiz Vallisney ficará uma posição abaixo de Moro. Se condenar Lula, iguala-se ao colega de Curitiba, que já pendurou no pescoço do grão-mestre do PT uma sentença de nove anos e meio de cadeia.
O PT construiu um conceito peculiar de Justiça. Quando o processo é contra um rival —Michel Temer e Aécio Neves, por exemplo— elimina-se o benefício da dúvida. A culpa é indubitável. A cadeia, um imperativo. Quando o encrencado é um petista —José Dirceu e João Vaccari, por exemplo— a falta de provas é evidente. A prisão, um abuso de poder. Se o acusado é Lula… Bem, aí o caso é de flagrante perseguição política.
É mais fácil e confortável para o Partido dos Trabalhadores sustentar a tese de que Vallisney aderiu ao grande complô urdido por Moro, procuradores, delegados, agentes federais e repórteres golpistas para transformar Lula de político modelo em corrupto. A alternativa seria admitir que tudo o que está na cara não pode ser uma conspiração da lei das probabilidades contra um inocente.
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