Deputado ecoa general Mourão e pede "fechamento" do Congresso Nacional
Defensor de uma "intervenção militar" caso o Judiciário não resolva o problema da corrupção, o general Antonio Hamilton Mourão, secretário de Economia e Finanças do Exército, ganha adeptos nos locais mais improváveis. Deputado federal pelo PTdo B do Rio de Janeiro, Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, eleito em 2014 como Cabo Daciolo, aderiu à pregação do general. Em vídeo exibido na internet, ele endossou a tese da intervenção das Forças Armadas. Chegou mesmo a pedir o fechamento do Congresso Nacional.
"Não estou falando de ditadura militar", tentou explicar o deputado. "A pior ditadura que nós podemos enfrentar é a que nós estamos enfrentndo hoje, que é a da falsa democracia." Dirigindo-se a Mourão, o deputado declarou: "Eu quero deixar aqui o meu apoio ao senhor, general. Conta conosco, nós estamos juntos, para honra e glória do Senhor Jesus. Não estamos pedindo uma ditadura militar. Estamos falando de um governo provisório. Tira os corruptos, os bandidos, que estão colocando sobre o povo uma carga muito pesada."
Cabo do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Daciolo deu os primeiros passos de sua carreira política ao liderar, em 2011, a greve que paralisou sua corporação. Expulso pelo governo fluminense, retornou graças a uma decisão judicial. Elegeu-se pelo PSOL. Expulso da legenda, ficou sem partido até filiar-se ao nanico PTdoB. Agora, dedica-se a atear fogo no plenário da Câmara.
Nesta quarta-feira (20), além de gravar o vídeo, Cabo Daciolo alardeou seu apoio ao general Mourão da tribuna da Câmara. Fez isso numa sessão em que os deputados votavam um item da reforma política: o fim das coligações partidárias a partir das eleições de 2020. Sob vaias, pregou a intervenção das Forças Armadas e o fechamento do Legisaltivo.
Evangélico, Daciolo discursou como se falasse de um púlpito de igreja. Misturou a defesa da continuidade da investigação contra Michel Temer a uma pregação contra homossexuais, alcoólatras e adúlteros. Disse que não vão para o céu. Do mesmo modo, ele acrescentou, também não entrarão no Reino do Senhor os ladrões e os corruptos. Comparou o Congresso a uma quadrilha. Empilhou alguns partidos que considera corruptos: PMDB, PSDB, PT e PP. Vários colegas de Daciolo consideram a hipótese de protocolar no Conselho de Ética da Câmara um pedido de cassação do seu mandato.
É mesmo maravilhosa a democracia. Um deputado federal escala a tribuna da Câmara para apoiar um general golpista que o governo enfraquecido de Michel Temer não consegue punir. Como se fosse pouco, o parlamentar pede o fechamento do Legislativo. É mais ou menos como se um peixe clamasse pelo esvaziamento dos rios. A esse ponto chegamos.
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