Suposta prosperidade não dispensa honestidade
Num instante em que a Câmara inicia o funeral da segunda denúncia criminal contra Michel Temer, a procuradora-geral da República Raquel Dodge pede ao Supremo Tribunal Federal que autorize a Polícia Federal a interrogar o presidente da República. Deseja-se ouvi-lo sobre a suspeita de recebimento de propina da Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos. Ou seja: a ocultação de cadáveres não impedirá que o melado continue escorrendo.
A reputação dos políticos é o resultado da soma dos palavrões que eles inspiram nos bares, nas calçadas, nas salas de visita. Pesquisa do Datafolha ajuda a entender o mau humor. O brasileiro rejeita a ideia do mal menor, do 'rouba, mas faz': 74% disseram discordar da tese segundo a qual "se um governante administra bem o país, não importa se ele é corrupto ou não."
O Datafolha informa que 89% dos brasileiros são favoráveis à abertura de investigação contra Temer por formação de organização criminosa e obstrução à Justiça. O presidente dá de ombros. Sua equipe diz que tudo vai melhorar, pois a economia reage e o Planalto prepara campanha de marketing para apresentar Temer como presidente da virada. É como se Temer considerasse que a suposta prosperidade dispensa o governante da honestidade. É mesmo inesgotável o desejo de fazer o brasileiro de idiota. Mas começa a faltar material.
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