Com nó no pescoço, Senado tira Aécio da forca
Se o Brasil fosse um país lógico, a precariedade da situação penal de Aécio Neves levaria o Senado a manter as sanções cautelares impostas ao tucano pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Mas foi justamente a debilidade do seu prontuário que devolveu a Aécio o mandato e a liberdade noturna.
Num plenário repleto de encrencados, os senadores investigados, denunciados e réus tiraram Aécio da forca para se proteger da corda. Muitos alegaram em discursos que defendiam o respeito à Constituição, não os interesses de Aécio. Lorota. Movidos pelo instinto de sobrevivência, protegiam o próprio pescoço.
Para que o plenário do Senado retirasse Aécio do poste, pelo menos 41 senadores precisavam rasgar a decisão do Supremo. Vitaminada pela banda do lodo, a bancada pró-impunidade cravou 44 votos no painel eletrônico, 17 dos quais enrolados na Lava Jato. A esse ponto chegou Aécio. Elegera-se senador com 7 milhões de votos. Na disputa presidencial de 2014, amealhara 53 milhões de votos. Agora, livrou-se do nó na garganta por uma diferença de três escassos votos.
Aécio foi salvo pela banda notória do Senado, capitaneada pelos caciques peemedebistas Renan Calheiros, Romero Jucá e Jader Barbalho. É a essa trinca tóxica que o ex-presidencial limpinho do PSDB irá se juntar sempre que ouvir alguém gritar: "Vá procurar a sua turma!" O eleitorado talvez não se anime a devolver Aécio ao Senado em 2018. Com alguma sorte, o ex-campeão de votos pode cavar na Câmara uma trincheira para retardar seu encontro com uma sentença judicial condenatória.
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