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Josias de Souza

Ajuste fiscal já ficou para o próximo presidente

Josias de Souza

30/10/2017 21h19

O ministro Henrique Meirelles reafirmou que a crise econômica acabou no Brasil. Se você não quiser fazer o papel de bobo, desconfie desse tipo de afirmação. O Estado brasileiro está quebrado. E o ajuste fiscal que Michel Temer havia prometido já foi transferido para o próximo presidente da República, a ser empossado em 2019. No momento, Meirelles e Temer se esforçam para aprovar no Congresso medidas que evitem o aumento da cratera nas contas públicas. É improvável que consigam.

Quando assumiu a Presidência, nas pegadas do impeachment de Dilma, Temer priorizou a aprovação de um teto de gastos para a União. Obteve na Câmara 367 votos, 59 além do que precisava. Hoje, a base de apoio do governo é composta de 251 deputados, 57 a menos do que seria necessário para aprovar a reforma da Previdência. Temer terá sorte se conseguir aprovar algum remendo fiscal.

O governo havia prometido austeridade. Mas o que segura os gastos é a decisão de não gastar. E Temer, para derrubar as denúncias que a Procuradoria atravessou no seu caminho, não fez senão gastar e abrir mão de arrecadação. Os poucos avanços obtidos na economia estão sob risco. A um ano e dois meses do final, a gestão de Temer tornou-se caótica. Temer corre o risco de chegar ao final de 2018 furando o teto de gastos que ele próprio criou.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.