Reforma ministerial de Temer resulta em fiasco
Reforma ministerial é como fotografia. Se mexe muito, não sai. Tome-se o exemplo da suposta reforma na equipe de Michel Temer. Resume-se, por ora, à nomeação de um novo ministro das Cidades e à inédita desnomeção de um ex-quase-futuro titular da pasta da coordenação política. Tudo muito parecido com um fiasco.
Foi à poltrona de ministro das Cidades o deputado Alexandre Baldy (ex-Podemos, futuro PP). Deveria saciar os apetites dos partidos do centrão —PP, PR, PSD, SD e afins. Mas alimentou sobretudo o ego do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), autor da indicação. O centrão preferia Aguinaldo Ribeiro (PP).
O PMDB, sempre pronto a usufruir o gozo das provações cotidianas e a sofrer na própria pele as insuportáveis vantagens do poder, enxergou no vaivém ministerial a perspectiva de plantar mais um ministro no Planalto. Indicou para a casa de louças da coordenação política o elefante Carlos Marun, ex-integrante da manada parlamentar de Eduardo Cunha.
Temer topou. Entretando, depois de confirmar no Twitter que Marun tomaria posse junto com Baldy, o Planalto apagou o post (veja abaixo), negou a saída do tucano Antonio Imbassahy da coordenação política e desnomeou Marun. Não sobrou porcelana inteira na casa de louças.
Segundo a superstição peemedebista, Michel Temer é um articulador político de mostruário. Que seja. Mas as duas denúncias da Procuradoria sobrecarregaram-lhe o processador. Não foi capaz de conceber um mísero movimento que fizesse nexo. Sua reforma ocorreria em março. Foi antecipada para dezembro. Súbito, reagendaram-na novamente para o final de março.
Inicialmente, seriam expurgados pelo menos dois dos quatro tucanos alojados na Esplanada. Optou-se por enviar ao olho da rua os 17 ministros-candidatos. Novo recuo. No fim das contas saiu apenas um tucano, Bruno Araújo, ainda assim porque bateu asas voluntariamente da pasta das Cidades. Temer perdeu até mesmo a oportunidade de assinar a carta de alforria de Luislinda Valois, a "escrava" tucana dos Direitos Humanos.
Em meio a degradantes articulações para encontrar uma saída honrosa para a reforma da Previdência, Temer pisou no soldado Marun sem pedir desculpas. Após participar de uma dúzia de almoços e jantares organizados para matar definitivamente a fome dos partidos do "centrão", o presidente engoliu o sapo Baldy, servido por Maia. E descobriu que seus apoiadores do centrão são insaciáveis.
Temer deu sobrevida a Imbassahy, o coordenador tucano que não coordena nem o PSDB, por duas razões: 1) Afeiçoou-se ao ministro; 2) Atendeu a um pedido de Aécio Neves, o defunto político que ainda preside o ninho tucano. Uma evidência de que, em política, nada se perde, nada se transforma. Tudo se corrompe. Quanto à reforma da Previdência, bem… Só por um milagre.
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