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Josias de Souza

Candidato condenado não existiria sem o eleitor

Josias de Souza

16/12/2017 01h29

O PT reuniu o seu diretório nacional para reafirmar que a candidatura presidencial de Lula será mantida na base do vai ou racha. Ele será candidato mesmo com a reputação rachada por uma eventual sentença condenatória emitida pela segunda instância do Judiciário brasileiro. Lula continuará no páreo ainda que a rachadura moral o leve para a cadeia. Não há Plano B, diz a ré Gleisi Hoffmann, presidente do PT.

Em discurso, Lula, com uma condenação de nove anos e meio de cadeia nas costas, reiterou que não seria candidato se fosse culpado. Em privado, ele diz ter a convicção de que será condenado em outros processos. Mas considera-se uma inocente vítima de perseguição política. Lula atingiu o ápice da perfeição. Ele mesmo comete os crimes, ele mesmo se julga e ele mesmo se absolve.

Não faz sentido pensar mal de Lula e alisar a cabeça dos eleitores. Assaltado e vilipendiado, o Brasil é presidido hoje por um denunciado criminal, cercado de ministros e aliados que não têm biografias, mas prontuários. E o primeiro colocado nas pesquisas é um condenado que flerta com a cadeia. Num cenário assim o problema não é os políticos tentarem fazer o eleitorado de idiotas. O grande problema é que eles ainda encontram material.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.