Conta de uma assessora paga dívida de ministra
Poucos presidentes exercitaram a incompetência administrativa com tanta competência quanto Michel Temer. Tornou-se o primeiro presidente da história a conceder status ministerial a um paradoxo. Acomodou na pasta do Trabalho uma deputada condenada um par de vezes por descumprir a legislação trabalhista. Como nada no atual governo é tão ruim que não possa piorar, descobriu-se que o dinheiro que paga as parcelas de uma dívida da nova ministra Cristiane Brasil com um ex-motorista sai da conta bancária de uma assessora do seu gabinete na Câmara.
Deve-se a nova revelação à repórter Juliana Castro. Em notícia veiculada na edição do Globo neste sábado, ela informa que Leonardo Eugênio de Almeida Moreira, um dos motoristas que acionaram a nova ministra na Justiça do Trabalho, firmou com ela um acordo. Prevê o pagamento de R$ 14 mil em dez parcelas. As prestações começaram a ser liquidadas em maio do ano passado, com verbas saídas da conta de Vera Lúcia Gorgulho Chaves de Azevedo. É filiada ao PTB, partido da ministra. Recebe da Câmara salário mensal de R$ 10,8 mil.
Cristiane Brasil alega que Vera Lúcia, chefe do seu escritório político no Rio de Janeiro, representou-a na audiência em que a encrenca trabalhista foi dissolvida num acordo. Sustenta que, por mera praticidade, cadastrou o pagamento das parcelas do acordo na conta da assessora. A ministra assegura que reembolsa os valores pagos.
Numa segunda ação trabalhista, movida por Fernando Fernandes Dias, outro ex-motorista que trabalhou para Cristiane Brasil sem registro em carteira, a ministra foi condenada a pagar R$ 50 mil. Ela recorre para tentar reduzir a cifra. Decidido a fazer o pior o melhor que pode, Michel Temer já avisou que não lhe passa pela cabeça a ideia de rever a nomeação da filha do ex-presidiário Roberto Jefferson.
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