‘Alckmin será o coveiro do PSDB’, afirma Virgílio
Desafiante de Geraldo Alckmin na disputa pela vaga de presidenciável do PSDB, o prefeito tucano de Manaus, Athur Virgílio, está incomodado com a demora do partido em fixar as regras para a eleição interna. Atribui a indefinição ao próprio Alckmin, que preside a legenda. De resto, acusa o rival de colocar sua ambição política acima do interesse partidário: "Ele está entregando São Paulo para o PSB." Em conversa com o blog, Virgílio vaticinou: "O Alckmin será o coveiro do PSDB."
O tucanato marcou para 7 de fevereiro, antevéspera do Carnaval, uma reunião na qual um grupo incumbido de formatar as prévias vai expor o resultado do seu trabalho. Virgílio vai para o encontro com o pé atrás: "Aguardo ansiosamente por boas novidades. Mas receio que estejamos perdendo tempo. Já deveríamos ter crescido na direção dos adversários. O que vejo é um Alckmin que, por teimosia e por volúpia de poder, assume esse papel de coveiro do partido."
Embora classifique de "relevante" a hipótese de aliança nacional com o PSB, Virgílio declara que o preço será alto demais. Em abril, ao trocar o Palácio dos Bandeirantes pelos palanques, Alckmin entregará a cadeira de governador ao vice Márcio França, do PSB, que pleiteia o apoio do PSDB a uma já declarada candidatura à reeleição para o cargo de governador.
Virgílio resume assim a articulação feita sob Alckmin: "Ele entrega o governo para o PSB e indica um tucano para vice na chapa do Márcio França. No caso do Márcio, seria uma reeleição. Portanto, ele não poderia pleitear novamente o posto. Supondo que vença a eleição e supondo que o vice do PSDB seja um bom nome, esse vice seria automaticamente candidato à sucessão estadual seguinte. É muita suposição."
O rival de Alckmin prosseguiu: "A única coisa que não estão levando em conta é que, no momento, o PSDB tem o governo de São Paulo. E está prestes a entregar de mão beijada para o PSB. Tudo em nome de uma ambição pessoal do Alckmin. Não será fácil explicar isso aos nossos parceiros. Alternância do poder é parte da democracia. Mas perder São Paulo assim, sem luta, é complicado. Não se entrega assim um Estado que o Mario Covas conquistou lá atrás com tanto esforço."
Pessimista, Virgílio antevê um processo de enfraquecimento do PSDB. Avalia que o partido não terá nomes competitivos na disputa pelos governos dos principais Estados. Lamenta o comportamento do presidente de honra da legenda, Fernando Henrique Cardoso.
"Comigo, o Fernando Henrique foi o tempo todo bastante indelicado. Fui ministro dele, trabalhei pelo governo dele no Congresso. Esperava um tratamento mais cordial. Ele é extremamente duro também com o Alckmin. Diz a todo mundo que ele não tem carisma. Fica falando sobre uma hipotética candidatura do Luciano Huck, para enfraquecer o Alckmin."
Virgílio encontrou uma forma delicada de dizer que, na sua opinião, o grão-mestre do PSDB deveria calar a boca. "Eu tenho o Fernando Henrique em alta conta, é minha melhor referência viva na política. Mas há um cidadão chamado Charles de Gaulle [estadista francês] que, quando se retirou da política, recolheu-se numa cidadezinha chamada Colombey-les-Deux-Églises. Quando se dirigia a Paris, a França parava para ouvir o que ele tinha a dizer. Esse seria um bom modelo para o Fernando Henrique."
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