Politicagem de Temer ainda vai devorar o dono
Uma coisa é certa: se você é um presidente da República mal avaliado, dispõe de pesquisas indicando que a sociedade anda apavorada com o surto de violência e baixa um decreto chamando uma jogada eleitoreira de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, a esperteza acabará assumindo a aparência de uma inédita providência governamental. Embora continue sendo reles politicagem.
Nesta quarta-feira, Michel Temer determinou ao porta-voz Alexandre Parola que fizesse a leitura de nota oficial contendo uma curiosa parolagem. "O presidente reitera que toda e qualquer decisão do governo é regida exclusivamente para as reais necessidades do país", recitou Parola. "A agenda eleitoral não é nem será causa das ações do governo."
O comentário veio à luz contra um pano de fundo impregnado de veneno. Conforme noticiado aqui, a cúpula das Forças Armadas receia que a intervenção no Rio, sob o comando do general Walter Braga Netto, seja utilizada para fins político-eleitorais. Inelegível, Lula declarou que Temer tenta se "cacifar para ser presidente" e coloca soldados nas ruas do Rio porque deseja "pegar os votos do Bolsonaro."
Como se fosse pouco, Elsinho Mouco, o marqueteiro que o presidente leva a tiracolo, disse ao repórter Bernardo Mello Franco: Temer "já é candidato" à reeleição. Nããããoo! Jura? "Hoje, a maior preocupação do brasileiro é com a segurança pública." Hã, hã. "O Temer jogou todas as fichas na intervenção." Hummmm! "A vela está sendo esticada. Agora começou a bater um ventinho." Ah, vá! "Viramos a agenda."
E o porta-voz Parola: "Assessores ou colaboradores que expressem ideias ou avaliações sobre essa matéria não falam, nem têm autorização para falar, em nome do presidente." Ah, bom! "O governo seguirá sua trajetória sem pautar-se pela busca do aplauso fácil, mas na rota firme das decisões corajosas que buscam enfrentar e resolver os dramas verdadeiros de nossa nação, sem nenhuma significação eleitoral." Então, tá!
Municiado de todas as informações, o brasileiro pode tirar suas próprias confusões. A dúvida nacional é se isso que está acontecendo no eixo Rio-Brasília é ou não é uma cartada eleitoral de um presidente que tenta saltar da UTI para o palanque. Uma criança de 5 anos diria que as orelhas são de lobo, o focinho é de lobo, os dentes são de lobo. Mas a parolagem do porta-voz Parola esclarece que é apenas uma vovozinha dirfarçada. Nesse ritmo, a politicagem de Temer vai acabar devorando o dono.
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