Rio não é caso de ‘bala de prata’, afirma Barroso
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, não compartilha do otimismo do governo de Michel Temer quanto às chances de sucesso da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Reconhece que há "uma demanda popular" por esse tipo de providência. Mas enxerga "muitos riscos". Embora se abstenha de comentar aspectos jurídicos da intervenção, pois terá de julgar pendências relacionadas a ela, Barroso ponderou: "O problema do Rio não se enfrenta com bala de prata."
Em entrevista à repórter Míriam Leitão, exibida na noite desta quinta-feira pela Globonews, o ministro esmiuçou seu raciocínio: "Precisa de inteligência, planejamento e ocupação social. Não se resolve com uma intervenção de seis, nove meses. Parte da sociedade se sente marginalizada a ponto de não ter nenhum acesso a esse mundo de consumo e civilização que vivemos. E quando você não tem acesso, a violência muitas vezes é sua forma de comunicação. Precisa-se enfrentar a criminalidade, mas também fazer um resgate social de educação, saúde, nessas comunidades dominadas pelo tráfico."
Defensor de uma revisão da política de guerra às drogas, Barroso avalia que a saída para a encrenca do Rio não virá das Forças Armadas: "Se alguém achar que a solução para criminalidade do Rio é militar, está completamente enganado. A solução é social. O Rio é a prova cabal do fiasco da política de drogas no Brasil. Cabal! Sou a favor da liberação da maconha com planejamento e, se der certo, passar para cima."
Para o ministro, "o principal problema é o grande poder que o tráfico exerce sobre as comunidades pobres. Impede as famílias honestas de educarem seus filhos numa cultura de honestidade. São cooptados pelo tráfico. Esta forma atual não serve. O resultado é a prisão de meninos de 18 ou 19 anos, com pouca quantidade de drogas, o que destrói a vida deles, e no dia seguinte são substituídos pelo tráfico."
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