Maia entra na sucessão com crise de identidade
Com a lealdade a Michel Temer já meio puída, o DEM decidiu ajustar o figurino. Encurtou a bainha do seu governismo, aumentou o decote para seduzir novos aliados, mandou tingir Rodrigo Maia de amarelo, colocou uns babados no discurso dele e pronto! A partir desta quinta-feira, o partido desfilará pelas ruas como uma nova opção de Poder. Acha que ninguém vai notar que, tendo sido Arena, PDS e PFL, já está com mais de 500 anos de uso.
Tantos ajustes de última hora mergulharam o mais novo presidenciável da praça numa crise de identidade. "O Rodrigo Maia não será candidato nem de governo e nem de oposição. Ele será candidato do Democratas, do ideário que nós estamos construindo", tentou explicar o prefeito de Salvador ACM Neto, que assume a presidência nacional do DEM nesta quinta-feira.
Em conversa com o blog, Rodrigo Maia declarou que o ciclo político iniciado com a redemocratização, em 1985, se esgotou. Avalia que personagens como o presidente Michel Temer e o govenador Geraldo Alckmin, com quem o DEM sempre se deu bem, compõem o passado. Maia considera-se parte do "novo ciclo." Mesmo tendo contas a ajustar com a Lava Jato. Mesmo tendo que se aliar ao PP, campeão em número de enrolados no petrolão; e ao Solidariedade, que segurou na mão de Eduardo Cunha até a beira da cova.
A candidatura presidencial de Rodrigo Maia, com 1% nas pesquisas, tem prazo de validade. Vence em junho. Se o projeto não decolar em três meses, o partido deve pedir carona em outra coligação, provavelmente a do tucano Geraldo Alckmin. Até lá, convém a Maia fazer barba todo dia, para se certificar de que ainda existe, pois não faria sentido barbear um desaparecido.
Aconselha-se a Maia recitar o CPF e o RG defronte do espelho diariamente, para ter certeza de que é ele mesmo e não um impostor. Não é fácil preservar a identidade tendo que renegar um presidente da República com quem tricotava até ontem, a ponto de acomodar no Ministério das Cidades Alexandre Baldy (PP-GO), um aliado de outro partido, sem perder a pasta da Educação, que o correligionário Mendonça Filho só deixará porque precisa pedir votos.
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