Prioridade para segurança começa a fazer água
Nesta semana, a intenvenção federal no Rio de Janeiro fará aniversário de um mês. Você se lembra: estava em cartaz a reforma da Previdência. Sem votos para prevalecer na Câmara, o governo trocou o espetáculo em 16 de fevereiro. Do nada, entraram no vocabulário político de Michel Temer duas palavras: segurança pública. O problema é que certos espetáculos teatrais, apesar de badalados, fracassam porque o público não foi devidamente ensaiado para exercer o papel de bobo.
Houve intensa movimentação no palco. O general Braga Netto virou interventor da segurança do Rio. O ministro Raul Jungmann foi deslocado da Defesa para a novíssima pasta da Segurança Pública. Temer recepcionou em Brasília governadores e prefeitos de capitais. O Planalto soltou fogos. Era o governo exercitando o velho hábito de superestimar os êxitos, subestimando as dificuldades.
Abriu-se no BNDES uma linha de crédito para governadores e prefeitos. Quebrados, Estados e prefeituras ainda não fizeram fila na frente do guichê. O Ministro da Segurança empina duas prioridades: quer aprovar no Congresso o Sistema Único de Segurança Pública. É inspirado no SUS, como se o Sistema Único de Saúde pudesse inspirar alguma coisa. Deseja também convencer o empresariado a ajudar no financiamento da segurança. É mais fácil o PIB sonegar impostos do que pingar bilhões no chapéu de Raul Jungmann. Por ora, a única certeza é a de que, sob Michel Temer, quem vive de esperanças morre muito magro.
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