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Josias de Souza

Aníbal chama Doria de gestor inepto e carreirista

Josias de Souza

19/03/2018 17h48

Um dia depois de ser derrotado pelo prefeito paulistano João Doria na disputa prévia que definiu o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, o suplente de senador José Anibal insinuou que o resultado decorre de fraude e foi à jugular do vitorioso. Em vídeo veiculado nas redes sociais, Anibal declarou o seguinte sobre Doria:

"O eleito, na sua fala, logo após a votação, disse que eu tenho fraude no coração. Ele sim, tem fraude no coração, na mente e na ação. Fraudou a vontade dos paulistanos, dizendo que ia ficar todo o período do mandato na prefeitura. Fraudou os compromissos que assumiu. E estamos vendo aí a cidade abandonada, com sujeira, capim, buraco. Enfim, mostrou que é um gestor inepto, incompetente. E que é um político carreirista."

Ao trocar a prefeitura que assumiu há 1 ano e 3 meses pelo palanque estadual, Doria imitou o senador José Serra, de quem Aníbal é suplente. Em 2006, Serra entregou a prefeitura ao vice Gilberto Kassab para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Sofreu uma saraivada de críticas. Mas venceu a eleição. Doria diz que repetirá o feito.

Previstas no estatuto do PSDB, as prévias servem para pacificar a legenda sempre que há mais de um candidato disputando um mesmo cargo eletivo. Doria prevaleceu com 80,02% dos votos contra três rivais: Floriano Pesaro (7,31%), Luiz Felipe D'Ávila (6,59%) e José Aníbal (5,98%).

Aníbal sustenta que o prefeito venceu sem método. E afasta a hipótese de pacificação do partido: "As nossas prévias não tiveram a integridade, a transparência e os debates que seriam tão necessários para criar convergência e unidade."

Houve um tempo em que o PSDB era um agrupamento de amigos 100% feito de inimigos. Desde que Doria chegou à legenda, protegido sob as asas de Geraldo Alckmin, o ninho tornou-se mais inamistoso e menos cínico. No diretório de São Paulo, ficou mais difícil estreitar as inimizades.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.