Sem verba, general-interventor vira generalidade
Em reunião com deputados, o general-interventor Braga Netto informou que o buraco orçamentário da segurança pública no Rio de Janeiro é de R$ 3,1 bilhões. Aos repórteres, Michel Temer declarou que Brasília cogita borrifar na contabilidade da intervenção federal algo entre R$ 600 milhões e R$ 800 milhões. Esse tipo de desencontro contábil acontece quando o Planalto faz uma opção preferencial pelo populismo e pela marquetagem.
No alvorecer do segundo mês da guerra que declarou contra o crime organizado, Temer começa a se dar conta de que a falta de dinheiro é o caminho mais curto para Waterloo. Em privado, oficiais do alto comando do Exército cobram o compromisso assumido por Temer de garantir os meios para que a intervenção fosse efetiva, não um mero lance eleitoral.
A equipe econômica leva o pé à porta. Sustenta que a cifra que Braga Netto acomodou sobre a mesa inclui despesas da responsabilidade do governo do Rio. Por exemplo: folha salarial dos policiais e dívidas atrasadas. A União não pode arcar com tais despesas. Por duas razões: 1) não há previsão orçamentária; 2) haveria no dia seguinte uma fila de governadores na porta do Tesouro Nacional.
As desavenças orçamentárias vieram à luz 33 dias depois do início da intervenção. Mais uma evidência de que a iniciativa foi improvisada para retirar Temer da agenda negativa em que cintilava o fiasco da reforma da Previdência. O problema é que, sem verba, o interventor Braga Netto, tido como homem certo, logo será tratado como mais um certo homem. Já se sabia que Temer é uma temeridade. O general está prestes a virar generalidade.
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