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Josias de Souza

Fachin não quis inquérito da PF sobre ameaças

Josias de Souza

29/03/2018 03h07

O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, conversou pelo telefone com o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin sobre as ameaças feitas a seus familiares. Colocou duas equipes à disposição —uma para fazer a análise dos riscos a que estão submetidos os familiares do ministro; outra para abrir um inquérito. Fachin agradeceu muito. Mas recusou a oferta. Alegou que a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, já tomara as providências necessárias.

Ao blog, o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública), a quem a Rogério Galloro está subordinado, disse que a Polícia Federal continua à disposição de Fachin. Mas esclareceu que, sem uma "representação" do magistrado, não há como iniciar uma investigação.

As ameaças a familiares de Fachin tornaram-se públicas por iniciativa do próprio ministro. Em entrevista ao repórter Roberto D'Ávila, o relator da Lava Jato e do habeas corpus de Lula no Supremo disse: "Uma das preocupações que tenho não é só com julgamentos, mas também com a segurança de membros da minha família. Tenho tratado desse tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros da minha família".

Fachin relatara sua inquietação a Cármen Lúcia, a presidente do Supremo. Mas soou como se estivesse insatisfeito com as providências adotadas por ela: "Nem todos os instrumentos foram agilizados, mas eu efetivamente ando preocupado com isso, e esperando que não troquemos fechadura de uma porta já arrombada também nesse tema"

A entrevista foi ao ar na terça-feira, na GloboNews. No mesmo dia, o diretor-geral Galloro contactou o ministro. Mas Fachin não hesitou em refugar a oferta de agentes federais e de abertura de um inquérito. Nesta quarta-feira, entidades corporativas de juízes e dos procuradores da República soltaram comunicados para repudiar as ameaças e cobrar rapidez nas investigações que Fachin não quis que a PF fizesse. Decerto a equipe de segurança do Supremo providenciará as respostas.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.