Há um déficit ético no debate eleitoral de 2018
O noticiário político virou um necrotério. Há cadáveres demais nas manchetes. São tantos e tão disseminados os escândalos que a ética deveria ser guindada ao patamar de tema obrigatório da temporada eleitoral. Ocorre, porém, o oposto.
Numa disputa que envolve sujos e mal lavados, os maiores partidos —PMDB, PT, PSDB— e seus satélites não cogitam falar de corrupção a não ser em legítima defesa. Há um déficit ético no debate pré-eleitoral
O eleitor que for buscar nos discursos dos candidatos ou na propaganda eleitoral dos partidos os parâmetros morais para tomar suas decisões em 2018 arrisca-se a tirar não conclusões, mas confusões por conta própria.
Misturando-se a confusão com a devoção, um candidato preso e inelegível, como Lula, pode figurar nas pesquisas como favorito. E Joaquim Barbosa, o algoz do PT no mensalão, pode aparecer na terceira colocação mesmo sem lançar formalmente sua candidatura.
Pesquisa do Datafolha revelou que oito em cada dez brasileiros desejam a continuidade da Lava Jato. Com 84% de adeptos, a operação anticorrupção chega a 2018 como a maior atração política do país. O eleitor é incapaz de reconhecer honestidade na política. E a política é incapaz de demonstrá-la.
Num cenário ideal, candidato que não puder falar sobre corrupção sem recorrer ao cinismo deveria se abster de disputar. Como o ideal não existe, cabe ao eleitor desligar os cínicos da tomada.
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