Eleição para Legislativo desperta perigosa apatia
Muitos imaginaram que a roubalheira revelada pela Lava Jato produziria um eleitor mais ligado. A menos de seis meses da eleição, o que se vê é o contrário. Disseminam-se entre os brasileiros o desinteresse e o desencanto. Na disputa presidencial 28% não têm candidato, indica o Datafolha. Na disputa pelas cadeiras do Congresso a alienação é ainda maior. Não há uma pesquisa pública. Mas, excluindo-se os pais e os filhos dos candidatos, 100% dos eleitores não devem ter a mais remota ideia do que fazer com os seus votos para o Legislativo.
Historicamente, o eleitor dá pouca importância à escolha de deputados e senadores. Esse desinteresse resultou no Congresso que aí está –meio balcão de negócios, meio templo de corporações, meio bordel. Não é fácil a vida do eleitor, é preciso reconhecer. Numa disputa para o Poder Legislativo, as caras são tantas que acabam não sendo nenhuma. É difícil escolher. Mas quem disse que a vida em democracia é fácil?
A democracia é o regime em que as pessoas têm ampla e irrestrita liberdade para exercitar a sua capacidade de fazer besteiras por conta própria. Mas é preciso fazer um mínimo esforço para que o voto não seja apenas um equívoco renovado de quatro em quatro anos. Tão importante quanto eleger um presidente é escolher os parlamentares que têm o poder de chantagear e até de derrubar o presidente. Se você acha que tem direito a um Estado moralmente sustentável, convém trocar a apatia pela raiva. A conjuntura cobra uma atitude. E já não basta a cara de nojo.
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