Marina revive em 2018 o conto do Patinho Feio
A participação de Marina Silva na sabatina UOL-Folha-SBT reforçou a sensação de que a presidenciável da Rede Sustentablidade revive em 2018 uma versão eleitoral do conto do Patinho Feio. Sem menções na Lava Jato, a presidenciável da Rede encarna uma candidatura que tem a aparência de um cisne chocado num ninho de outras aves. Competitiva, Marina não consegue explicar como governaria tendo de formar maioria num Congresso dominado por um bando de patos viciados em propinas, verbas públicas, cargos oficiais e todas as benesses que o dinheiro público já não consegue financiar.
O discurso econômico de Marina não contém pesticidas. Nada do que ela diz sugere uma opção pela aventura. Vai manter a "tecnologia" do tripé, que funciona desde o Plano Real: metas de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. Nada de tentar "reinventar a roda." Sua retórica política exclui o glúten do fisiologismo. Na perspectiva "sonhática" de Marina, seu governo não fará concessões aos maus costumes. Será composto dos "melhores quadros", extraídos da banda saudável do PT, PSDB e PMDB, da academia e do empresariado. Beleza. Mas já combinou com o centrão?
Jovem e ainda virgem, pois não chegou à chave do cofre, o partido de Marina é um grão de areia no oceano do Congresso. Ela argumenta que Dilma Rouseff granjeou uma maioria amazônica e caiu. Michel Temer é o mago da articulação e não consegue governar. Marina alega que sua hipotética Presidência conseguiria se impor nos plenários da Câmara e do Senado pela qualidade das propostas. O problema é que as premissas lançadas pela candidata são desmentidas pela penúria estrutural de sua campanha.
Desconsiderando-se a mixaria que receberá do fundo eleitoral, Marina dispõe de insignificantes 12 segundos de propaganda no rádio e na TV. Tentou costurar uma aliança com outras legendas. Mas não conseguiu obter nem os 45 segundos do PSB. O partido que oferecera abrigo a Marina na sucessão passada agora quer distância dela. Seus dirigentes a consideram uma personalidade "complicada".
Marina corre o risco de repetir 2014. Naquela eleição, experimentou a ascensão fulminante de um cisne. Ultrapassou Aécio Neves. Em agosto, depois da morte de Eduardo Campos, chegou a liderar as pesquisas, abrindo dez pontos de vantagem sobre Dilma Rousseff. Dispunha na época de algo como dois minutos no horário eleitoral gratuito. E foi massacrada pela marquetagem desconstrutiva do PT.
Com seus 12 segundos atuais, Marina e seus potenciais 20 milhões de votos tornaram-se um alvos fáceis. A "superestrutura" que a candidata se dispõe a combater não tem interesse em conviver com a sua indecifrável figura. Se o eleitor se animasse a impor Marina na marra, os patos talvez a impedissem de governar. Uma indagação escalaria as manchetes automaticamente: "Vai terminar o mandato?"
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