Petroleiros decidem realizar greve de 72 horas
Michel Temer ainda não conseguiu desatar totalmente o nó da paralisação dos caminhoneiros e já está diante de um novo aperto: a Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade sindical que representa os funcionários da Petrobras, decidiu deflagrar uma "greve nacional de advertência". Vai durar 72 horas. Os braços serão cruzados na virada de terça para quarta-feira, dia 30 de maio. E as atividades só serão retomadas no final da noite de sexta-feira, 1º de junho. Em comunicado divulgado no seu site, a FUP informa que a parada de três dias é uma prévia da "greve por tempo indeterminado." Coisa já "aprovada nacionalmente pela categoria."
Na negociação com os caminhoneiros, o governo se dispôs a realizar a mágica de manter a política de reajustes da Petrobras e, ao mesmo tempo, oferecer diesel mais barato. Retirou um bode da cartola: congelamento do diesel por 30 dias e subsídio de R$ 5 bilhões para atenuar os reajustes do produto sem impor prejuízos à Petrobras. Os petroleiros exigem que Temer produza uma mágica ainda mais espetacular, que exigirá a retirada de cartolas de dentro dos bodes. A FUP quer a redução do preço do gás de cozinha e de todos os derivados do petróleo, não apenas o diesel.
Mais: a entidade deseja a demissão de Pedro Parente, atual presidente da Petrobras. Muito mais: pede a imediata interrupção da venda de ativos da estatal. Os petroleiros informam que, já neste domingo (27), farão uma espécie de operação tartaruga, retardando a troca de turnos em quatro refinarias e duas fábricas de fertilizantes que a Petrobras cogita privatizar. São elas: Rlam, na Bahia; Abreu e Lima, em Pernambuco; Repar, no Paraná; Refap, no Rio Grande do Sul; Araucária Nitrogenados, no Paraná; e Fábrica de Fertilzantres Nitrogenados Fafen, na Bahia.
No movimento dos caminhoneiros, vitaminado por um locaute (greve de patrões), a liderança é pulverizada. No caso dos petroleiros, o comando é nítido e mais hostil a Temer. A FUP é filiada à CUT, braço sindical do PT. Nunca deu um pio contra a roubalheira pilhada na Lava Jato. Jamais se insurgiu contra os apadrinhados de partidos políticos que plantaram bananeira dentro dos cofres da Petrobras nos governos Lula e Dilma. Agora, a FUP sapateia sobre a impopularidade de Temer para tentar desqualificar a gestão técnica da estatal, sem ingerência partidária.
"A atual política de reajuste dos derivados de petróleo, que fez os preços dos combustíveis dispararem, é reflexo direto do maior desmonte da história da Petrobras", anotou a FUP em seu site. "Os culpados pelo caos são Pedro Parente e Michel Temer, que, intensificam a crise ao convocar as forças armadas para ocupar as refinarias. A FUP repudia enfaticamente mais esse grave ataque ao Estado Democrático de Direito. E exige a retirada imediata das tropas militares que estão nas instalações da Petrobras."
Nesta segunda-feira (28), a FUP e seus sindicatos realizarão manifestações para bater bumbo contra a importação de derivados de petróleo. Alegam que, sob Pedro Parente, as aquisições feitas no estrangeiro passaram a responder por um quarto de todos os combustíveis vendidos no Brasil. "O número de importadoras de derivados quadruplicou nos últimos dois anos, desde que Parente adotou preços internacionais, onerando o consumidor brasileiro para garantir o lucro do mercado", escreveu a FUP. "Em 2017, o Brasil foi inundado com mais de 200 milhões de barris de combustíveis importados, enquanto as refinarias, por deliberação do governo Temer, estão operando com menos de 70% de sua capacidade."
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