Parente divulga carta para tentar abortar greve
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, divulgou nesta segunda-feira uma carta dirigida aos funcionários da estatal. A dois dias da deflagração da greve de 72 horas que os petroleiros marcaram para quarta-feira, Parente anotou no texto que uma paralisação neste momento seria prejudicial aos consumidores, à estatal e à própria sociedade brasileira. Entre as reivindicações da Federação Única dos Petroleiros estão a demissão de Parente e a queda dos preços do gás e de todos os combustíveis, não apenas do diesel.
Dirigindo-se aos funcionários da Petrobras como "caros colegas", Parente pergunta na carta: "Como a Petrobras e a sua força de trabalho podem melhor ajudar o Brasil neste momento?" Ele mesmo respode: "Não acreditamos que seja com paralisações e com pressões para redução de nossos preços. Em nosso entendimento, isso teria justamente o efeito contrário: seria um retrocesso em direção ao aumento do endividamento, prejudicando os consumidores, a própria empresa, e, em última instância, a sociedade brasileira."
Num instante em que o governo de Michel Temer gasta as últimas energias do seu governo numa negociação para encerrar a greve dos caminhoneiros, Parente fez um apelo aos petroleiros: "Neste grave momento da vida nacional, convidamos todos a uma cuidadosa reflexão. […] E que tomem a sua decisão na direção do que acreditam melhor representar o interesse da sociedade e de nossa empresa".
Na carta, Parente saiu em defesa da atual política de preços da Petrobras. Sem citar Dilmar Rousseff, sob cuja Presidência a estatal represou reajustes, ele realçou que a prática de preços artificiais produz balanços deficitários e envenena os investimentos da companhia. "A opção de praticar preços abaixo da referência do mercado do petróleo aumentaria nosso endividamento, colocando em risco a realização dos investimentos que garantem o nosso futuro."
Parente presseguiu: "Não existe alternativa sem custos, preços desconectados da realidade do mercado significam que alguém está pagando a conta, e as leis do País estabelecem que não é a Petrobras." Para oferecer diesel com desconto aos caminhoneiros, o governo torrará R$ 10 bilhões em verbas públicas.
Abstendo-se de criticar o governo, Parente alfinetou a carga de tributos que puxa o preço dos combustíveis para cima: "Culpar a Petrobras pelos preços considerados altos nas bombas é ignorar a existência dos outros atores, responsáveis por dois terços do preço da gasolina e metade do preço do diesel. Eles também precisam colaborar com a solução".
A carta insinua que a manutenção da greve de quarta-feira conspira contra os interesses da Petrobras e do país. "Temos a convicção de que defender a nossa empresa é evitar qualquer ação que gere perdas para ela, por mais que, a princípio, pareça justificável. Se a Petrobras não tiver as condições necessárias para ser uma empresa saudável financeiramente, o nosso país também paga um preço na forma de redução dos investimentos, impactos negativos no emprego e em toda a nossa longa cadeia produtiva".
Também nesta segunda-feira, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) informou que Michel Temer pediu a Pedro Parente que abrisse negociação com os petroleiros, para evitar a greve. A FUP, entidade sindical dos petroleiros, é filiada à CUT, braço sindical do PT. Resta agora saber se a entidade reconhecerá como interlocutor um executivo cuja cabeça deseja levar à bandeja
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