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Josias de Souza

Penteado de Neymar seria barrado por Saldanha

Josias de Souza

18/06/2018 20h22

Se estivesse dentro dos sapatos de Tite, o cronista e técnico de futebol João Saldanha (1917—1990) não escalaria o topete loiro de Neymar. Como treinador do Botafogo, Saldanha foi Campeão Carioca de 1957. Jogavam no seu time Nilton Santos, Didi e Garrrincha. No comando da seleção, Saldanha convocou e classificou o time tricampeão de 1970. Foi com essa biografia notável que o personagem ensinou: cabeça de jogador de futebol é "ferramenta", não plataforma de ostentação de penteados.

"Na seleção, sou radicalmente contra, não dá", declarou Saldanha, referindo-se aos cabeludos. Queixava-se, por exemplo, do estilo black power. Dizia que a cabeleira alta amortecia a bola. Preferia o "coco bem raspadinho". Saldanha dizia que sua preocupação era estritamente técnica. "Se eles gostam, faz umas perucas. Na hora do serviço usa uma ferramenta, na hora rebolado usa outra, compreendeu?"

Numa concentração de jogadores sob o comando de Saldanha, cabeleireiro só seria admitido para passar as cabeleiras de Marcelo e Willian na máquina zero, jamais para adornar o "coco" de Neymar com uma uma juba amarela. A Copa do Mundo é "hora do serviço". A julgar pela aparência que ostentava nesta segunda-feira, Neymar, com cabelos mais comportados, aderiu à tese de Saldanha.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.