Há um déficit de interesse público na sucessão
O processo de formação das alianças eleitorais e das chapas dos candidatos à Presidência da República é uma aula sobre o desrespeito ao eleitor. Hoje, as três principais preocupações do brasileiro são a corrupção, o desemprego e a falência da saúde pública. A ética é assunto proibido na articulação das coligações. Não há um posto de trabalho com carteira assinada em jogo. Nem sinal de preocupação com a qualidade do atendimento nos leitos hospitalares.
Começa em 31 de agosto o horário eleitoral no rádio e na TV. Durante 37 dias, os candidatos se venderão ao eleitor como protótipos do avanço. Farão isso depois de terem negociado a alma com o atraso, em troca de minutos adicionais de propaganda eleitoral. É essa dicotomia entre o novo e o arcaico que eterniza a crise de compostura no Brasil. O eleitor que não enxergar isso se arrisca a fazer papel de bobo.
Há um chocante déficit de interesse pública na cena eleitoral. Nenhuma questão da vida real dos brasileiros está presente nessa briga pelo tempo de propaganda e pelo rateio do poder no próximo governo. Fica-se com a incômoda sensação de que a política perdeu a função. Se for eleito o candidato A, fica tudo igual. Se for eleito B, C ou D, não será muito diferente.
Algum dia, quando alguém pesquisar o que aconteceu neste ano eleitoral de 2018, talvez conclua que a grande novidade do Brasil pós-Lava Jato é a ausência de novidade. Está claro que, na política, é errando que se aprende… a errar.
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