Criticado na Suíça, Bolsonaro revida na França
Impaciente com a imprensa que cumpre o dever de imprensar homens públicos, Jair Bolsonaro vinga-se até de quem ainda não o criticou. Nesta segunda-feira, o capitão pendurou no Twitter uma nota acusando o francês Le Monde de "baixar o nível" numa reportagem sobre seu perfil proterozoico. O diabo é que o texto fora veiculado na editoria de mundo —monde, em língua francesa) do jornal suíço Tribune de Genève.
Logo no título, a reportagem do diário suíço chama Bolsonaro de "Trump brasileiro", pespegando nele três adjetivos: "machista, homofóbico e racista." Na sequência, o candidato é definido como "deputado de extrema-direita nostálgico da ditadura." Como se vê, nada que já não tenha sido fartamente mencionado em publicações nacionais.
Bolsonaro ralhou: "O desespero, o baixo nível, a tentativa clara e suja sem se preocupar com esposa e filha. Os ataques internacionais também se intensificaram. Veja esta manchete de um dos principais jornais da França e do mundo. @lemondefr". O que espanta no caso não é o timbre da resposta, mas a mira de Bolsonaro.
Na noite desta segunda-feira, Bolsonaro será entrevistado no programa Roda Viva. Passou a tarde treinando. Simultaneamente, seus operadores se equipavam para apagar eventuais incêndios nas redes sociais. Veiculou-se na conta do candidato no Facebook um vídeo com aparência de antídoto. Nele, o senador Magno Malta (PR-ES), apologista de Bolsonaro, oferece uma ideia do que está por vir.
Magno Malta diz que os entrevistadores "vão tentar fazer ilação, vão apertar, vão dar pressão de todo jeito." Tomado pelo timbre, o senador pronuncia algo muito parecido com uma convocação da milícia eletrônica pró-Bolsonaro: "O que vamos fazer? Todos estaremos ligados, às 22 h, na TV Cultura. Vamos dar à TV Cultura a audiência que ela nunca teve na história dela, pra que esses esquedopatas saibam que o Brasil está com Bolsonaro…"
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