Marília revive no PT drama que a fez deixar PSB
O destino demonstrou à vereadora recifense Marília Arraes que os raios podem, sim, cair duas vezes no mesmo lugar. Pela segunda vez em quatro anos, Marília foi rifada pela cúpula de um partido político. Em 2014, ela foi excluída de uma disputa pela presidência da Juventude do PSB. Refugiou-se no PT. Agora, a cúpula petista empurra Marília para fora da disputa pelo governo de Pernambuco.
Neta do ex-governador Miguel Arraes, o mito do PSB, Marília exerce o terceiro mandato como vereadora na capital pernambucana, Recife. Tornou-se um pesadelo para o PSB nesta eleição de 2018. Sem nenhuma experiência no Executivo, Marília emergiu nas pesquisas com potencial para derrotar o governador Paulo Câmara (PSB), eleito há quatro anos como "poste" de Eduardo Campos, morto em 2014.
Marília, suprema ironia, é prima do ex-governador Eduardo Campos, outro neto de Miguel Arraes. Desentendeu-se com Campos em 2014, quando ele disputava o Planalto antes de morrer num acidente aéreo. A vereadora, hoje com 34 anos, pleiteava a presidência da Juventude do PSB. Mas seu primo ilustre, que presidia o partido, impôs o nome do filho dele, João Campos. Com a família trincada, João desistiria de concorrer ao cargo. Mas Marília guardou sua raiva no freezer.
Em fevereiro de 2016, Marília descongelou seus rancores e abandonou o PSB. Escreveu na época: "…A cúpula dos que mandam no partido passou a querer comandar desde simples decisões internas partidárias, que coubessem a escolhas democráticas e colegiadas, até o desenrolar de toda a cena e atores políticos do Estado [de Pernambuco]." Acrescentou que "os militantes, foram alijados de qualquer participação na construção democrática."
A neta de Arraes mudou-se para o PT. Sua ficha de filiação foi rubricada por Lula, durante uma festa de anivertsário dos 36 anos do partido, no Rio de Janeiro. Marília soltou fogos nas redes sociais: "Início de uma nova etapa da minha vida na política. Como sempre, crescendo na adversidade, com a ficha abonada pelo homem que mudou o Brasil."
Hoje, o "homem que mudou o Brasil" cumpre pena de 12 anos e 1 mês de cadeia. E troveja sobre a cabeça de Marília, disparando desde a cela especial que ocupa em Curitiba raios que os partam contra a candidatura da neta de Arraes ao governo de Pernambuco e os militantes que avalizaram o projeto.
Para impedir o PSB federal de reforçar a caravana de Ciro Gomes (PDT), Lula autorizou o PT a eletrocutar os planos eleitorais de Marília, pavimentando a reeleição de Paulo Câmara. Fez isso num instante em a moça frequenta as pesquisas empatada com o "poste" que seu primo eletrificou há quatro anos.
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