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Josias de Souza

Marina mira eleitoras, ponto fraco de Bolsonaro

Josias de Souza

21/08/2018 05h20

De olho no eleitorado feminino, majoritário, Marina Silva visitou Maria da Penha, em Fortaleza

Marina Silva refinou sua estratégia de campanha para capitalizar a boa repercussão das estocadas que deu em Jair Bolsonaro no debate da Rede TV!, há quatro dias. A presidenciável da Rede dedica especial atenção ao eleitorado feminino. Esse nicho, que concentra a maioria absoluta (52%) do eleitorado brasileiro, tornou-se um ponto fraco de Bolsonaro. Entre as mulheres, o capitão amealha apenas metade dos votos que consegue seduzir no eleitorado masculino.

No debate, Marina se contrapôs à tese de Bolsonaro segundo a qual um presidente não deve se meter na polêmica sobre a disparidade salarial ainda existente entre homens e mulheres. Ela também questionou a pregação do rival a favor da liberação do porte de armas. "Você acha que pode resolver tudo no grito", disse (reveja abaixo). Desde então, Marina afaga nas redes sociais o ego do pedaço feminino do eleitorado.

Nesta segunda-feira, dia em que o Jornal Nacional começou a levar aos lares brasileiros o "dia dos candidatos", Marina cuidou de aproveitar a nova janela em toda a sua extensão. Exibiu-se para as lentes do telejornal de maior audiência em dois eventos. Após encontrar-se com empresários, em São Paulo, voou para Fortaleza. Ali, visitou Maria da Penha, a personagem que dá nome à lei que pune as agressões domésticas praticadas contra mulheres.

Marina apareceu no horário nobre da TV recebendo de Maria da Penha, no instituto que leva o seu nome, uma carta que cobra dos presidenciáveis medidas para melhorar a rede de atendimento às mulheres vítimas de violência. Subscreveu o documento. E declarou que, eleita, ampliará a rede de proteção às mulheres. Mencionou a intenção de criar centros de referência nos municípios.

Sobre o capitão, a apresentadora Renata Vasconcelos, que divide a bancada com William Bonner, noticiou: "O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, passou o dia em casa, no Rio de Janeiro. Segundo a assessoria, Bolsonaro não teve nenhuma atividade de campanha nesta segunda." Para um candidato que dispõe de apenas oito segundos no horário eleitoral, desprezar uma aparição num telejornal colado na novela é coisa de amador.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.