Pesquisa reforça a polarização hospital X cadeia
Faltam 20 dias para o desfecho do primeiro turno da eleição presidencial. E são cada vez mais fortes os sinais de que o segundo turno pode ser extremista. De um lado, Bolsonaro. Do outro, Haddad. Pesquisa CNT/MDA atribui ao capitão 28,2% das intenções de voto. E acomoda o "poste" petista numa sólida segunda posição, com 17,6%, muito à frente de Ciro (10,8%), Alckmin (6,1%) e Marina (4,1%). Esboça-se uma polarização sui generis: Hospital X Cadeia.
Numa divisão grosseira, o eleitorado trincou em três pedaços. Um odeia o PT, tem ojeriza a Lula, e encontrou no ultra-conservadorismo de Bolsonaro a melhor tradução para sua raiva. Outro lembra com saudade do governo Lula, fecha os olhos para a decomposição ética e vota em quem o presidiário indicar. Um terceiro naco, no centro, pulveriza-se. Oscila entre os outros candidatos, a dúvida ou o voto em ninguém.
Suprema ironia: os dois personagens que mais movimentam o cenário eleitoral estão imobilizados. Um, hospitalizado, passa mais tempo deitado do que em pé. Comunica-se por meio de vídeos de UTI. Outro, encarcerado, teve o horizonte reduzido aos 15 m² de uma cela especial. Envia correspondências do cárcere. O risco que o país corre é o de sair da disputa presidencial dividido e, pior, agarrado a dois sinais trocados.
A turma que detesta Lula confunde populismo radical com solução. A banda que tem devoção pelo pajé do PT confunde urna com tribunal. O problema é que radicalismo não produz solução, gera mais radicalismo. E o voto, embora possa anestesiar culpas, não absolve réus. Os dois tipos de confusão têm algo em comum. Ambos costumam conduzir à decepção.
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