Apreço do eleitor à democracia é doce paradoxo
A democracia, ensinou o velho Churchill, é o pior regime possível com exceção de todos os outros. Num instante em que o eleitor brasileiro parece empenhado em implementar as piores alternativas, o Datafolha trouxe à luz um dado alvissareiro:69% dos eleitores consideram o regime democrático a melhor forma de governo para o país. Não se via um índice assim tão alto desde 1989.
O resultado é paradoxal, pois o mesmo Datafolha informa que continua na liderança da corrida presidencial, com índices de preferência cada vez mais vistosos, a chapa verde-oliva —na cabeça, o capitão Bolsonaro; na vice, o general Mourão. Ambos idolatram um torturador. E já defenderam intervenções militares. A boa notícia é que, mesmo entre os eleitores da chapa militar, a maioria (64%) considera a democracia o melhor regime.
Entre os eleitores do vice-líder Haddad, preposto do presidiário Lula, a opção pela democracia é ainda maior (77%). Muitos poderão dizer que a confirmação do apreço pela democracia serve apenas para demonstrar que o eleitor subverteu o brocardo. Segue a máxima segundo a qual é errando que se aprende… a errar. Mas seja como for, um erro democrático será sempre melhor do que um suposto acerto autoritário.
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