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Josias de Souza

Jaques Wagner: Haddad e PT são menos piores

Josias de Souza

11/10/2018 19h16

Em entrevista concedida em Curitiba, após visitar Lula na cadeia, o senador eleito Jaques Wagner (PT-BA) disse algo que dá um ideia do contorcionismo retórico que o PT é obrigado a praticar para tentar encurtar a distância que separa seu candidato do rival Jair Bolsonaro: "No primeiro turno você escolhe o seu. No segundo turno você escolhe o menor pior. Não tenho dúvida de que tanto Fernando Haddad quanto o PT são menos piores. Já deram muito mais contribuição para a democracia brasileira do que o outro candidato e o seu partido".

Eleito senador no último domingo, Wagner incorporou-se à coordenação política da campanha de Haddad. Articula a formação do que chama de "frente democrática". Disse que o PT "não precisa convidar ninguém" para se integrar à tal frente. Acha que a conjuntura pede adesões voluntárias. "Estamos num momento parecido com o das 'diretas já'. Juntamos todo mundo que entendia que era hora de voltar à democracia. E nós voltamos com o colégio eleitoral. Agora, é 'diretas já' preventiva, no sentido de a gente não permitir que adentre por aqui um processo de autoritarismno disfarçado em democracia."

Jaques Wagner conversou com os repórteres defronte da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Reproduziu um raciocínio que disse ter ouvido de Lula: "Quem gosta e quem não gosta do PT conhece o partido e sabe que o PT é respeitador da democracia e das instituições. Com seus acertos e seus erros, o PT tem uma história de 38 anos."

Perguntou-se a Wagner se acha que o rival Jair Bolsonaro decidiu faltar aos debates presidenciais por medo ou receio. E ele: "A palavra correta é covardia. Ele é uma pessoa daquele tipo que a gente conhece." É do tipo que se faz de bravo, mas "quando o cachorro late mais forte sai correndo."

"A pessoa corajosa não exibe o braço nem exibe a arma", prosseguiu Wagner. "Ela é corajosa na hora que tem de enfrentar a situação. Ele (Bolsonaro) é do tipo valentão, que gosta de cuspir para baixo e rende homenagem para qualquer um acima. …Foge do debate porque não tem o que dizer. Ele vai arrumar mil desculpas. Respeito a convalescença que ele tem. Mas é estranho que ele não vá no debate e vá numa entrevista. O nome disso é covardia e falta do que dizer ao povo brasileiro".

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.