Na política, time de Bolsonaro tropeça na língua
A articulação política de um governo com o Congresso exige a habilidade de um tecelão. A sutileza precisa ser ainda maior num instante em que um presidente eleito, Jair Bolsonaro, reivindica a aprovação de uma reforma previdenciária formulada na gestão do presidente que está em fim de linha, Michel Temer. A despeito disso, aliados de Bolsonaro resolveram cutucar o Legislativo com o pé para ver se os parlamentares mordem.
Até os líderes de partidos simpáticos a Bolsonaro estranharam o modo como Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, cobrou a aprovação da reforma da Previdência. Ele disse: "O presidente tem os votos populares e o Congresso a capacidade de aprovar ou não. Prensa neles, prensa neles, pede a reforma, é bom para todo mundo." Prensa, como se sabe, é aquele aparelho mecânico que serve para achatar objetos.
Ironicamente, o próprio filho de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, dissera que seria difícil aprovar a reforma previdenciária neste ano. Esse filho de Bolsonaro é o mesmo personagem que, no último final de semana, defendeu que o próximo presidente da Câmara tenha um "perfil trator", para patrolar eventuais manobras da oposição.
A prensa e o trator aparecem no linguajar do poder numa hora em que Bolsonaro promete compor a maioria no Congresso sem o velho toma-lá-dá-cá. Os parlamentares olham a cena e se recordam de uma frase de José Bonifácio, um antigo deputado mineiro. Chamado de Zezinho Bonifácio, ele dizia: "Aqui no Congresso tem de tudo. Tem ladrão, tem honesto, canalha, gente séria… Só não tem bobo." Deputado por 28 anos, Jair Bolsonaro deveria conhecer melhor a alma do Parlamento.
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